domingo, 12 de setembro de 2010

Há 44 anos, começava a Jornada nas Estrelas

por Carlos Orsi

Esta semana foi meio cheia, então não consegui postar no dia certo, mas vamos lá: em 8 de setembro de 1966, ia ao ar, nos Estados Unidos, o primeiro episódio de Jornada nas Estrelas a ser exibido — The Man Trap, no qual um monstro alienígena se faz passar pela ex-namorada do Dr. McCoy.

Man Trap não foi o primeiro episódio produzido — todos provavelmente conhecem a história de como o primeiro piloto, The Cage, estrelado por Jeffrey Hunter no papel de capitão Christopher Pike, foi rejeitado por ser “intelectual demais”. Quando Hunter se recusou afazer um segundo piloto, o caminho estava aberto para a entrada de William Shatner na história.

(Man Trap também não é o segundo piloto; nesse, Onde Nenhum Homem Jamais Esteve, o médico não era McCoy)

Eu me lembro de estar no último ano de faculdade quando houve a celebração dos 25 anos do seriado, o que faz de mim uma pessoa velha o suficiente para ter assistido a Jornada nas Estrelas na TV aberta (era na Bandeirantes?), mas jovem demais para ter pego a estreia do programa. Na época do jubileu de prata, escrevi um artigo curto para um fanzine sobre a série — antes do PDF, essas coisas eram feitas em sulfite e xerox.

Quase quatro décadas e meia depois do início, Jornada nas Estrelas é um fenômeno difícil de analisar. A perspectiva histórica, nesse caso, não ajuda muito, porque produz facilmente duas avaliações extremas — ”seriado brega e datado idolatrado por nerds” ou “obra genial e visionária de ficção científica” — que não são, nenhuma delas, exatamente corretas.

Sou suspeito para falar, mas creio que a verdade está mais perto da segunda posição, com mais ênfase em visionária — pelos caminhos que abriu em sua mídia específica, a televisão — do que realmente em genial.

Talvez Jornada nas Estrelas tenha sido o primeiro (o único?) seriado de TV a gerar numa espécie de mitologia que acabou ganhando vida própria, não só se mantendo nos períodos em que não havia nenhum produto da franquia sendo exibido como, ainda, penetrando a cultura popular (veja-se a quantia incontável de paródias e citações — e o fato de o primeiro ônibus espacial construído pelos EUA ter se chamado Enterprise).

O filme mais recente, de 2009, parece ser mais um indício disso. Lembro-me de ter lido em algum lugar que uma pessoa envolvida na produção, perguntada se o público não estranharia ver os personagens da série original na pele de novos atores, teria respondido algo na linha de “Hamlet também foi interpretado por diversos atores diferentes”.

Hamlet e Capitão Kirk! Talvez uma comparação melhor fosse não com um personagem tão fortemente associado a um autor único e a uma obra famosa, mas com uma figura mítica, protagonista de ciclos de histórias, como Hércules — ou, melhor ainda, Jasão (que comandava uma nau) e Teseu (que seduziu a filha do vilão, algo tipicamente “kirkiesco”).

Abaixo, a abertura da segunda temporada da série, onde DeForest Kelley/Dr. McCoy já aparecia nos créditos iniciais:

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De volta, depois de um longo inverno (mas ainda sem chegar ao verão) indo aonde Homem Nenhum Jamais Esteve... Fonte: Blogs do Estadão


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