Por Xico Sá.
Muitos estudantes e profissionais de jornalismo no começo das suas carreiras, além de curiosos em geral sobre a profissão, escrevem a esta coluna perguntando sobre livros interessantes ou fundamentais para o ofício. Com ou sem a exigência do diploma, ler ainda é o nosso melhor jeito de ter uma boa formação.
Nesse capítulo, aliás, as moças têm dado um baile nos marmanjos. Pesquisas revelam que as fêmeas são mais adeptas à leitura do que os toscos dos machos.
Deixo aí, portanto, uma modesta lista com obras que valem por um curso completo para um jornalista-escritor ou vice-versa. Principalmente aos que se interessam pelo chamado jornalismo literário:
A Alma Encantadora das Ruas – de João do Rio (disponível por diversas editoras) – O dândi carioca que sabia tudo sobre a arte de flanar pela cidade e tirar dela, ainda em 1908, belas histórias.
Um Bom Par De Sapatos E Um Caderno De Anotações – Como Fazer Uma Reportagem – de Anton Tchekhov (editora Martins Fontes). Toda a riqueza de observação e detalhes que usava nos seus contos e peças, a favor do jornalismo-literário em uma reportagem de viagem.
Balas de Estalo - Reunião de crônicas políticas e de costumes de Machado de Assis – Publicado por várias editoras.
Dez Dias que Abalaram o Mundo - John Reed (ed.Conrad) – De uma forma eletrizante, punk-rock mesmo, o autor narra os acontecimentos da revolução russa de 1917.
Paris é Uma Festa – E. Hemingway (ed.Bertrand Brasil) – As peregrinações boêmias de um dos maiores narradores americanos e a sua convivência com grandes artistas franceses. Para aprender a escrever e observar o mundinho artístico.
Na Pior em Paris e Londres - George Orwell (Companhia das Letras, coleção Jornalismo Literário) – A experiência de miserável do autor de 1984. Aula de escrita e humanismo pelos subterrâneos das cidades.
O Segredo de Joe Gould – de Joseph Mitchell (Cia das Letras) – Aula genial de como fazer um perfil de um puta personagem praticamente anônimo de NY, um desses vagabundos que vemos por e mal sabemos da sua genialidade.
Malagueta, Perus e Bacanaço – de João Antônio (ed.Cosac & Nayfi) – O universo marginal dos salões de sinuca, rodas de sambas e madrugadas nos bares. Narrativa coloquial e maldita.
Dicas Úteis para uma Vida Fútil – Um Manual para a Maldita Raça Humana – Mark Twain (ed. Relume Dumará) – Um grande almanaque com dicas de etiqueta, moda, comportamento, costumes. Tudo da forma mais mordaz possível. Pra rir e aprender.
O Perigo da Hora – O século XX nas páginas do The Nation (ed.Scritta). Textos de gênios do jornalismo e da literatura como Kurt Vonnnegut, H.L. Mencken, Gore Vidal, John dos Passos entre outros bambas.
O Livro dos Insultos - H.L.Menken (Cia das Letras) – Influência importante para muita gente no Brasil, como Ruy Castro e Paulo Francis. Por exemplo, com Menken você aprende a ser crítico, ácido e ter uma pena maldita.
Medo e Delírio em Las Vegas – Hunter Thompson (ed.Conrad) – Na lista não poderia faltar pelo menos uma obra-prima do rei do jornalismo gonzo, a forma mais maluca e ousada de contar histórias. Foi adaptado para o cinema em 1998, pelo diretor Terry Gilliam.
Sim, não esqueçam, tudo do Nelson Rodrigues, óbvio ululante.
Com vocês, Danuza Leão, falando sobre o nosso tema preferido: “Eu não trairia um marido porque, quando olhasse para ele, teria de dizer: Pô, mas esse cara é um corno!”. E eu não quero um corno como marido.
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Digamos que são referências...
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